Eu pensei que alguém tão certinha se levantasse cedo

"Eu pensei que alguém tão certinho se levantasse cedo." a voz brincalhona de Leslie soa pelo quarto. Na verdade eu acordo cedo; porém encontro me exausta da mudança até cá. O quarto não está muito iluminado, da minha cama consegue se ver o céu nublado e a chuva a cair miudinha do outro lado do vidro duplo que impedia que se partisse facilmente, para que não acontecesse nenhum estrago. Certamente deve estar um frio de rachar lá fora e imagino as pessoas agasalhadas e a segurar os seus guarda-chuva a causarem balbúrdia nas ruas. Estou enroscada no lençol e no edredom, encolhida e agarrada a uma almofada. Sinto saudades do aconchego da minha mãe, ela era a única que me acalmava quando tinha pesadelos ou não conseguia dormir depois de ouvir alguma história de terror ou algo que me deixasse com medo.
"Hoje há uma festa nas docas, devias ir." ela pronuncia.
"Não obrigada" tento parecer o mais simpática possível, mesmo ainda virada para a parede solto um sorriso fraco. Conhece me a um dia e já me quer arrastar para um local a cheirar a mar com pessoas suadas e bêbadas? Nem pensar. "Quero conhecer a biblioteca e talvez ir dar uma volta pelo Campus." afirmo.
"Oh isso é aborrecido. Bem, se mudares de ideias diz me." ela ri se é avisa que vai dormir mais um pouco. Desfaço me do meu aconchego e vou em direção ao armário tirando de lá os meus produtos de higiene e uma roupa para pôr, escolho um conjunto de roupa interior branca aos corações rosa e saio do quarto com as coisas na minha mala. Sigo o mapa detalhado nas paredes para me orientar e chego ao balneário —que felizmente não é misto— e escolho um compartimento para me lavar. Pouso as minhas coisas numa pequena grelha de metal e fecho a cortina. Ainda não acredito que estou na Universidade, como o meu pai diz já sou uma "mulherzinha". Rodo a torneira da água quente e seco-me. A camisola bege de malha desce pelos meus braços assentando me um pouco larga e visto uma saia até aos joelhos roxa, calçando os meus sapatos