Eu Acho Que O Document Rio Deveria Se Afastar Dos Fatos
Para o diretor Joshua Oppenheimer, esta é a chance de mostrar o distanciamento surrealista que os homens têm em relação aos seus atos. Com evidente senso crítico e muito sangue frio, o diretor flagra estes homens dirigindo as cenas de seus assassinatos, dizendo ao diretor de arte "Eu quero calças jeans nesta cena. Eu sempre preferi jeans para os massacres", ou então pedindo aos habitantes do vilarejo, cujos pais foram dizimados, para interpretarem suas tragédias familiares. O ambiente é marcado por sorrisos, danças, música, álcool.
Para os gângsteres, como são chamados, essa é a oportunidade de mostrar que a matança de comunistas, encorajada pela ditadura militar, ocorreu não apenas porque "os comunistas mereceram", mas também porque o assassino Anwar Congo e seus colegas eram capazes de matar a todos. Ou seja, o genocídio ocorreu não apenas por necessidade de dizimar um grupo de pessoas, mas por mérito e iniciativa dos assassinos - uma importante mudança de perspectiva. Por isso, o filme-dentro-do-filme desperta questões éticas complexas: Como filmar a crueldade de que eles se orgulham tanto ("Nós fizemos muito pior do que nos filmes de ação", diz Anwar Congo), sem parecerem homens maus? Como desvincular da violência da moral?
O Ato de Matar acaba sendo um filme abusado e surpreendente. Talvez seja mais chocante ver estes homens detalhando suas técnicas de tortura ("Enforcar com arame é mais higiênico, deixa menos sangue para limpar", lembra Congo) do que de