Etnografia

Resenha Geertz. O saber local. "Do ponto de vista do nativo". Guber. El selvagem metropolitano. Cap. 2, 3 e 4.

A natureza do entendimento antropológico, para Geertz, é interpretativo. Seu método consiste num movimento intelectual de transformar uma experiência próxima, em distante. Para ele esses dois tipos de experiência são apenas uma diferença de grau, ou seja, um modo de operar num conceito. Pois, já que uma “comunhão de espíritos” (que o método de Malinowski sugeria), é algo impossível, o que para ele concerne ao antropólogo é a habilidade de analizar os “sistemas simbólicos” (p.107). Em Guber observamos uma alternativa às teorias “dualistas”: interpretativistas e positivistas, que tendem a reduzir a totalidade às crenças, ou ao plano objetivo/material, respectivamente: Focando-nos nas práticas, consideramos que o sujeito e suas atividades são algo indivisível. E a tarefa das ciências sociais seria a de tentar compreender por que os sujeitos se engajam em determinadas atividades e não outras. Um desdobramento disso, é considerar o que chama de “perspectiva do ator”. O que implica defender que qualquer ação pressupõe motivações e finalidades. E estas, por sua vez, estão orientadas por conceitos e categorias compartilhadas pelos atores. Em suma, a “perspectiva do ator” deixa de lado o âmbito das crenças e representações para levar em conta a reflexividade (em sentido genérico) da ação humana. Mas num sentido oposto, também é importante a abordar o que Guber chama “o universal em sua particularidade”. Ou seja, que o elemento distintivo das ciências sociais é descrever, através de ferramentas teóricas que problematizam o real (que nos habilita a enxergar “dados” onde só existia “fatos”). Essa dimensão implica um afastamento “desnaturalizante”prévio proporcinado pela teoria. Para então colocar dados e teoria em diálogo. Em suma, a construção do objeto de investigação implica explicitar tanto os pressupostos