Etnocentrismo
O etnocentrismo é a atitude característica de quem só reconhece legitimamente às normas e valores em vigor na sua cultura ou sociedade. Tem a sua origem na tendência de julgarmos as realizações culturais de outros povos a partir dos nossos próprios padrões culturais, pelo que não é de admirar que consideremos o nosso modo de vida como preferível e superior a todos os outros. Os valores da sociedade a que pertencemos são, na atitude etnocêntrica, declarados como valores universalizáveis, aplicáveis a todos os homens, ou seja, dada a sua "superioridade" devem ser seguidos por todas as outras sociedades e culturas. Adaptando esta perspectiva, não é de estranhar que alguns povos tendam a intitular-se os únicos legítimos e verdadeiros representantes da espécie humana.
O etnocentrismo origina e tem origem na "heterofobia". Valendo-se da distinção de Lévi-Strauss entre dois tipos de sociedade, as que praticam a antropofagia (que vêem na absorção de certos indivíduos detentores de forças temíveis o único meio de neutralizá-las aproveitando-lhes a energia) e as que praticam a antropoemia (que, diante do mesmo problema escolheram a solução de expulsar fora do corpo social e manter temporária ou definitivamente isolados, sem contato com a "humanidade", os seres e grupos temidos, trancafiados em "reservas territoriais").
Claude Lévi-Strauss (Bruxelas, 28 de novembro de 1908 — Paris, 30 de outubro de 2009)
A relação com o grupo de semelhantes nos ajuda a manter aquilo que já nos é próprio ou as categorias pertencentes ao nosso grupo. A relação com os semelhantes é uma relação de manutenção e preservação de valores e não a abertura de novos espaços e oportunidades. Exatamente o contrário é o que acontece na relação com o diferente ou o estranho: essa relação ocorre colocando em cheque os valores e saberes do grupo de semelhantes ao qual nós pertencemos. Além disso o outro coloca em cheque os nossos valores para que possamos nos pré-dispor ao novo.