etnobotanica
ISSN 1519-5228
Volume 7 - Número 2 - 2º Semestre 2007
Plantas medicinais em um quilombo maranhense: uma perspectiva etnobotânica
Ricardo Monteles*; Claudio Urbano B. Pinheiro**
RESUMO
O conhecimento acumulado pelas sociedades tradicionais, através de séculos de estreita relação com a natureza, desempenha papel fundamental para a manutenção da diversidade biológica, assegurando a utilização racional dos recursos naturais. Assim, o presente artigo visa, através de uma perspectiva etnobotânica descritiva, levantar por meio do conhecimento tradicional, as espécies vegetais utilizadas na terapêutica do Quilombo Sangrador (MA). Para tanto, foram aplicados métodos etnográficos clássicos, como conversas informais, entrevistas semi-estruturadas, observação participante e listagem livre. Foram levantadas 121 espécies, distribuídas em 56 famílias botânicas e 101 gêneros. Lamiaceae foi a família mais representativa, seguida de Rutaceae,
Asteraceae, Leguminosae e Euphorbiaceae. O hábito herbáceo foi o mais representado, seguido do hábito arbóreo, arbustivo, das lianas e palmeiras. O maior número de espécies foi indicado para males e estados de saúde associados ao aparelho respiratório e digestivo. Folhas, cascas e látex foram as partes vegetais mais utilizadas no preparo dos medicamentos locais. Considera-se aqui, que a terapêutica local é fruto de um sincretismo de práticas africanas fortemente influenciadas por práticas indígenas, e que o resgate da terapêutica local, através da sistematização dos conhecimentos advindos desse universo, pode fornecer relevantes contribuições para a conservação da diversidade sócio-cultural e biológica em territórios de populações tradicionais.
Palavras-chave: Plantas medicinais, populações tradicionais, comunidades quilombolas.
Medicinal plants in a quilombola community in the State of Maranhão: An ethnobotanical approach
ABSTRACT
Knowledge accumulated by traditional