etica
que todos os cidadãos tenham o mínimo necessário para uma vida digna e que
ninguém absorva bens, recursos naturais e energéticos que sejam prejudiciais
a outros. Isso significa erradicar a pobreza e definir o padrão de desigualdade
aceitável, delimitando limites mínimos e máximos de acesso a bens materiais.
Em resumo, implantar a velha e desejável justiça social.
Registre-se que há outras maneiras de definir tais dimensões. Adotamos
apenas aquelas que parecem mais recorrentes e simples.
O principal problema nessa definição em três dimensões não se encontra
nas diferenças de conceituação existentes na literatura especializada sobre cada
uma delas, mas no fato de escolhê-las como as essenciais, eliminando-se, por
exemplo, a dimensão do poder. Como se mudar os padrões de produção e con- sumo fosse algo alheio às estruturas e decisões políticas.
A consequência do esquecimento da dimensão da política é uma despoliti- zação do DS, como se contradições e conflitos de interesse não existissem mais.
Como se a política não fosse necessária no processo de mudanças. Como se as
formas de exploração violenta não fossem mais importantes, e a equidade social
fosse construída por um simples diálogo entre organizações governamentais e
multilaterais, com assessoria da sociedade civil e participação ativa do empresa- riado. Em parte isso se deve ao fato de que a questão da sustentabilidade coloca
no centro do debate interesses de natureza geral e não aqueles específicos de
grupos ou classes sociais. Isso escamoteia a assimetria de poder no âmbito da
sociedade. Tal invisibilidade é agudizada, entre outros fatores, pela forma de tra- duzir a questão da crise ambiental como sendo a vida ou a morte da humanida- de. Essa forma – radical, distante e abstrata de abordar a problemática ambiental
– conduz para que a assimetria de poderes