Etica a Nicomaco
As virtudes não são como os sentidos, que possuímos antes de usá-los, pois só as adquirimos pelo uso continuo das práticas virtuosas, que nos tornam melhores.
A virtude não está entre as faculdades, pois estas são apenas disposições para sentir as paixões; também não está nas paixões, que são apenas reações segundo o nosso caráter; as virtudes estão, portanto, em nossas disposições de caráter, como qualidades de nosso eu para concretizá-las.
2) Trata-se aqui de estabelecer a prática das virtudes dentro do princípio de uma regra justa, pois, quando se trata de condutas, a obtenção do bem a partir de suas práticas. Tudo se torna apenas aproximado, sem nenhuma precisão. A natureza dessas coisas são destruídas pela falta e pelo excesso, mas são preservadas pela mediana.
3) Importa ter em mente que nossa excelência moral está em relação direta com os prazeres e dores que sentimos . Pois se o prazer nos causa alegria, nossa tendência será procurá-lo, evitando o mal que ele possa nos causar. Como disse Platão, aqui é o lugar de uma boa educação, que ensine os limites virtuosos de nossas sensações. Todo estado da alma tem uma natureza relativa e concernente à espécie de coisas que tendem a torná-la melhor ou pior; mas é em razão dos prazeres e dores que os homens se tornam mau, isto é, buscando-os ou evitando-os.
4) A virtude depende essencialmente da prática costumeira. Não basta conhecer as virtudes pela filosofia, pois não de trata de saber, mas sim de agir. Não há similaridade de caso entre as artes e as virtudes, porque os produtos das primeiras têm a sua bondade própria, bastando que possuam determinado caráter;
5) Em nossa alma há três espécies de coisas: faculdades, paixões e disposições de caráter. A virtude deve pertencer a uma destas. As virtudes e os vícios não são paixões, pois ninguém nos chama bons ou maus