Estudos
UNESP – ASSIS
Leitura e Produção de Textos Linguísticos e Literários II
Professor Dr. José Carlos Zamboni
“De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra o pai morava no fim de um lugar.
As coisas tinham para nós uma desutilidade poética. Nos fundos do quintal era muito riquíssimo o nosso dessaber.
A gente brincava com terra. O menino de ontem me plange e queria crescer para passarinho.
Sou referente para a ferrugem, mas do que referente para o fulgor.
Só as coisas rasteiras me imensam, sou um sujeito cheio de recantos. As coisas que não tem dimensões são muito importantes, é infímio o que vejo na exuberância.
A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá, mas não pode medir seus encantos. Não use o traço acostumado, a expressão reta não sonha.
Não gosto de palavra acostumada, quero a palavra que sirva na boca do passarinho. Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
A sensatez me absurda, sei que fazer o incomodo aclara as loucuras.
A força de um artista vem da sua revolta. Carrego meus primórdios num ardor.
Meu avesso é mais visível do que um poste, com pedaços de mim, eu monto um ser atônito.
Há historias tão verdadeiras que as vezes parecem que foram inventadas.
Tudo o que não invento é falso.”