Estudos
A cúpula da Parmalat italiana é acusada de fraudar o balanço, destruir documentos e falsificar assinaturas
Leandra Peres e Carlos Rydlewski
Fotos AP
Calisto Tanzi, o fundador da Parmalat, preso depois do Natal: desvios para a família podem chegar a 1 bilhão de dólares
Vai levar tempo até que os promotores italianos encarregados de investigar o escândalo da Parmalat consigam esclarecer como uma companhia de ótima reputação, com ações recomendadas à clientela pelos bancos de investimento e fiscalizada por mais de uma empresa de auditoria pôde se transformar de uma hora para outra no pivô de uma das maiores fraudes empresariais da Europa. As primeiras conclusões indicam que a cúpula da multinacional italiana praticou nos últimos anos o mais clássico dos crimes do colarinho branco, que consiste em maquiar o balanço. A empresa aparentemente sobrevalorizava seus bens de forma a obter lucros contábeis mais elevados que os verdadeiros. Forjando resultados satisfatórios, a Parmalat se habilitava a novos créditos junto aos bancos, financiando assim sua política agressiva de crescimento. A aparência de empresa sólida permitiu à companhia captar empréstimos de 5 bilhões de dólares nos últimos três anos. O mundo da Parmalat caiu quando ela não foi capaz de honrar uma dívida de alguns milhões de dólares. Em pouco tempo, ficou evidente que os bons números só existiam no papel. Agora que os balanços começam a ser analisados com lupa, o rombo vem se materializando. A dimensão exata ainda é desconhecida, mas as primeiras estimativas apontam para um buraco que pode chegar a 12 bilhões de dólares – o mesmo desencaixe detectado na quebra da empresa de telefonia WorldCom e maior do que os 9 bilhões de dólares apurados na Enron, a distribuidora de energia com sede no Texas. Essas duas gigantes americanas foram à lona no começo da década.
Os primeiros depoimentos indicam que o cérebro por trás da operação fraudulenta na Parmalat é mesmo o