ESTUDOS
A primeira imagem do filme mostra-nos que no meio de uma grande cidade existe uma grande prisão. E a primeira cena revela-nos que essa prisão é um mundo aparte, dentro de outro mundo; um microcosmos com regras próprias, com habitantes específicos, que se regem por um código de conduta por eles definido e rigidamente respeitado. É-nos apresentado o director da prisão, autoritário mas sereno, que sem recorrer à força deixa os presos resolver os conflitos internos, e um médico, o narrador e o autor do livro em que o filme se viria a basear.
Os filmes de prisão ficcionados funcionam numa lógica de existir um recluso, inocente ou não - o protagonista - e um director de prisão tirano e abusador, que narrativamente assume o papel de antagonista. Ainda que o preso não seja inocente, a crueldade do director faz com que o espectador sinta empatia pelo alegado criminoso. Do ponto de vista narrativo, Carandiru começa mal ao inverter os papéis e ao introduzir um director razoável em simultâneo com um grupo de criminosos pelo qual não se sente empatia. Dir-me-ão que Carandiru não é o banal filme ficcionado de prisão, mas sim um retrato da realidade. Vejamos então o que o filme de Babenco nos mostra.
Para mostrar a realidade da prisão de Carandiru, Babenco mostra a realidade de cada preso, durante quase hora e meia. Pouco nos é mostrado sobre as rotinas de uma