Estudos de história da profissão docente
O uso da expressão “história da profissão docente” em trabalhos acadêmicos acerca da profissionalização docente no Brasil só vem ocorrendo bem recentemente. Até pouco tempo atrás, a problemática ainda não constituía campo de pesquisa. Segundo Denice Catani, esta expressão é particularmente elucidativa na medida em que engloba várias dimensões do exercício profissional do magistério, pressupondo a análise simultânea e integrada, por exemplo, da formação de professores, da instituição e saberes docentes, do exercício concreto da atividade, das relações com o Estado, etc. Atualmente no Brasil, as pesquisas ainda se limitam, em sua maioria, a estudos sobre a organização da categoria profissional e as relações com o Estado, e se restringem a marcos temporais recentes. Referenciando-se em António Nóvoa, historiador da profissão docente em Portugal, a autora aponta para a importância de articular a problemática da história das ciências da educação à história da profissionalização dos professores, de modo a revelar os “conflitos de poder que estruturam a elaboração histórica das ciências da educação” e as “relações [dos professores] com o saber, principalmente o saber pedagógico”[1]. A partir disto, Catani faz um breve apanhado dos principais autores brasileiros e suas abordagens. Cita o trabalho de Miguel Arroyo, focado na própria atividade profissional de ensinar, para o qual utilizou documentação oficial do Estado de Minas Gerais; de Lúcio Kreutz, sobre a atuação dos professores paroquiais católicos em comunidades teuto-brasileiras, problematizando as funções sociais da profissão a partir de jornais, relatórios e depoimentos; de Elza Nadai, fundamentado na história oral, sobre a idéia da educação como apostolado; de Lilian Wachowicz, acerca da relação entre professores e Estado, a partir de documentação oficial do Estado do Paraná; entre outros. A autora se detém brevemente sobre a dimensão da relação entre