estudos de geografia
ANAFÓRICA EM NARRATIVAS PRODUZIDAS POR CRIANÇAS.
Rosangela Francischini
UFRN, Brasil
Resumo
Tendo por referenciais teóricos o Interacionismo Social e a Lingüística Textual, procuramos, neste trabalho, investigar os problemas que são postos às crianças na construção de cadeias anafóricas em produções de narrativas.
O corpus é composto por 15 narrativas - 8 primeiras versões e 7 segundas versões -, produzidas a partir de um livro de estórias composto somente por gravuras.
O procedimento adotado, inspirado no conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal, de Vygotsky, permitiu a construção de uma segunda versão das narrativas, refacção esta possibilitada por uma necessidade que se impôs à criança de refletir sobre o emprego de determinados recursos expressivos presentes na primeira versão (no nosso caso, os recursos empregados para a constituição de cadeias anafóricas).
A análise proposta mostrou-nos que:
1.) a estratégia que consiste em empregar pronomes como formas referenciais (pessoal e possessivo, principalmente) mostrou-se a mais problemática, no sentido de que, em um número significativo de ocorrências desses pronomes, houve ou ambigüidade de referência ou impossibilidade de determinar o referente;
2.) a situação interativa mediada pela linguagem propiciou a mobilização de operações de linguagem que se materializaram em recursos expressivos mais adequados para a construção das cadeias anafóricas. Sendo assim, do ponto de vista da estruturação textual, as segundas versões das narrativas, apresentaram-se, indiscutivelmente, qualitativamente superiores; 3.) as crianças buscaram soluções próprias para a resolução dos problemas acima apontados. Desta forma, observamos, principalmente, as seguintes estratégias para caracterização dos personagens: a.) atribuição de nomes aos personagens, b.) emprego de adjetivos indicativos de cor ou gênero; c.) acréscimo de informações não