Estudo sobre contos
LOIRA”, DE EÇA DE QUEIRÓS: DA
TAGARELICE À FRUIÇÃO
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Lígia de Amorim Neves
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Clarice Zamonaro Cortez
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo compreender de que modo os pressupostos do pensamento pós-estruturalista de Barthes em O prazer do texto (1973) permitem realizar uma leitura que transponha a margem do texto de prazer (plaisir) rumo ao de fruição (jouissance). Para tanto, fazse uma análise do conto realista “Singularidades de uma rapariga loira”, do livro Contos (1873), de Eça de Queirós.
PALAVRAS-CHAVE: Prazer e fruição; Barthes; Eça de Queirós.
ABSTRACT: This paper aims at understanding how the assumptions of the Post-structuralism from
Barthes in The pleasure of the text (1973) contribute to make a reading that transposes the border from the text of pleasure (plaisir) to the text of bliss (jouissance). In order to do that, we will analyze the realist short story “Eccentricities of a blonde-haired girl” (1873), of Eça de Queirós.
KEYWORDS: Pleasure and bliss; Barthes; Eça de Queirós.
INTRODUÇÃO
A passagem do Estruturalismo para o Pós-estruturalismo, impulsionada pelas significativas mudanças dos anos 60, decorrentes da agitação dos sistemas ideológicos e políticos e das transformações expressivas nos planos do desenvolvimento econômico e do crescimento da tecnologia, significou uma abertura para transformações dos princípios críticos tradicionais que compreendiam o texto como asséptico, isto é, isolado de suas condições de produção.
É nesse contexto que se encontra O prazer do texto (1973), de Roland
Barthes, que traz uma proposta de leitura enquanto jogo erótico, caracterizando o texto como uma possibilidade de construção ambivalente.
Nesse sentido, o presente artigo busca compreender como os pressupostos desse pensamento não-imanentista de Barthes permite transpor a margem
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Mestranda em Estudos Literários pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de