Estudante
Resenha do Livro – Encontro Marcado com a Loucura
Uma denúncia, uma descrição, um detalhamento histórico, umavivência prática no hospital psiquiátrico. Assim se desenrola o conteúdo dolivro Encontro marcado com a loucura. Um apanhado de temas, um tecidoretalhado que vai sendo costurado até se tornar uma linda colcha queaconchega, esquenta e protege de uma noite fria, de uma escuridão quecega – não permite ver – e assusta. A escuridão é o abandono, a exclusão daloucura do convívio social, trancafiada e dissimulada na ideia de ser origináriade uma disfunção orgânica, exclusiva daqueles que entre as grades doshospitais psiquiátricos estão, na tentativa de livrar-nos do temor de termos delidar com algo que nos é ontológico, mas que preferimos nos manterdistantes, mascarando o nosso próprio sofrimento, a nossa própria fragilidadee vulnerabilidade e a nossa própria imprevisibilidade. Dessa forma temos asensação de estarmos protegidos da impermanência, identificados (nosentido de ter uma identidade – saber quem se é) e, portanto, livres de todo omal-estar próprio da existência.O livro trata de defrontar-nos com a realidade, a realidade que é nossa,que está em cada um de nós e que também é do outro. Alias o outro, queestá no lado de lá, é que nos deflagra o vivenciar a faceta até entãoencoberta em nós, a loucura. A loucura, como bem traz o livro, não é umtema recente. “Se entendermos a loucura como a perda das capacidadesracionais ou a falência do controle voluntário sobre as paixões, uma históriada loucura deveria começar, praticamente, com a história da espéciehumana”. Muitos foram e são as teorias e os modelos que tratam de abarcara temática, a primeira que Encontro marcado trata remonta à Grécia antiga,no modelo mitológico-religioso, no qual a loucura é atribuída a qualquer fatordeste campo, como, um corpo possuído por um demônio. O segundo modelodá-se pela concepção psicológica da loucura, portanto, um produto dosconflitos passionais humanos.