Estudante
O surgimento e a divulgação de diretrizes éticas relacionadas às pesquisas biomédicas não foram, até o momento, instrumentos totalmente eficazes no sentido de garantir a segurança, integridade e respeito aos quais as pessoas que participam de pesquisas têm como direito. É somente através de um controle social efetivo que se tornará possível coibir práticas que recoloquem os sujeitos de pesquisa em situação de vulnerabilidade. O grande desafio colocado consiste exatamente em garantir a eticidade dos procedimentos realizados, consolidando as conquistas historicamente construídas.
O pensamento de que a desigualdade faz parte da natureza das pessoas e não das sociedades em que elas vivem, permite introjetar a concepção, amplamente difundida, de que é perfeitamente aceitável um escalonamento do poder social entre ricos e pobres, cientistas e leigos, tecnocratas e excluídos, desenvolvidos e subdesenvolvidos. Ou seja, uma ideologia que transforma acriticamente as pessoas, grupos sociais e países em privilegiados e vulneráveis indistintamente. Este pensamento contribuiu, também, para a adoção de critérios protecionistas – que colocam as populações de todos os países em desenvolvimento sem distinção como pessoas vulneráveis – que colaboram, no campo da pesquisa científica, para um esvaziamento social e político do conceito de vulnerabilidade
É preciso considerar que o padrão hierárquico e imperialista impregna fortemente todas as esferas da vida em sociedade, imiscuindo-se profundamente na prática científica. Neste sentido, o debate ético e político frente à vulnerabilidade ocasionada pelos experimentos realizados deverá privilegiar o desenvolvimento de habilidades e capacidades que permitam às pessoas e grupos a oportunidade de se tornarem livres para decidir sobre o que é melhor para as suas vidas Uma postura crítica que lhes permitirá o enfrentamento e contraposição a pesquisadores, experimentos e ao poder que