Estudante
Fernanda Valli Nummer; Luis Fernando Cardoso e Cardoso
Universidade Federal do Pará – Brasil
Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face é mais um trabalho de Erving Goffman, publicado originalmente em 1967, traduzido para língua portuguesa. Esta coletânea de artigos, resultados de pesquisas empíricas realizadas entre 1950 e 1960, é representativa da proposta do autor de uma sociologia das ocasiões, baseada em etnografias sérias que permitem identificar o comportamento de pessoas em interação.
No primeiro capítulo, "Sobre a preservação da fachada: uma análise dos elementos rituais na interação social", a análise está centrada no esforço necessário para se manter uma atitude coerente diante dos outros. Sustentar um comportamento-padrão, conceito de linha, é uma tarefa que exige esforços de atos verbais e não verbais com os quais se possa expressar opinião sobre dada situação, através da avaliação dos participantes da interação, especialmente de si próprio. Neste capítulo assume importância o conceito de fachada, definido como "o valor positivo que uma pessoa efetivamente reivindica para si mesma através da linha que os outros pressupõem que ela assume durante um contato particular" (p. 13). A fachada pessoal e aquela criada pelos outros são resultados da mesma ordem, ambas produto da vida social. O autor observa que a busca incansável pela manutenção da fachada e sua relação com aprovação social fazem do homem seu próprio carcereiro. Tal conceito é amplamente apresentado, revelando-nos suas várias implicações e fertilidades analíticas para as ciências sociais.
Em "A natureza da deferência e do porte", Goffman estabelece um diálogo frutífero com Émile Durkheim, buscando entender como no meio "urbano a pessoa recebe um tipo de sacralidade que é exibido e