estudande
"O Guarani" apresenta foco narrativo em terceira pessoa, sendo o narrador onisciente intruso. Ou seja, o narrador não só possui acesso aos pensamentos e sentimentos das personagens, como também expõe ao longo da narrativa comentários sobre as atitudes das personagens. Essa parcialidade e falta de distanciamento do narrador serve para induzir o leitor a acreditar na tese indianista de exaltação à natureza e eleição do índio como herói nacional.
Comentário do professor
O professor Marcílio Lopes Couto, do Colégio Anglo, frisa que para entender "O Guarani" é preciso pensa-lo dentro de um projeto pedagógico concebido por José de Alencar, cuja intenção era compreender e mostrar a realidade brasileira de então. O prof. Marcílio explica que estava-se em um momento histórico diretamente posterior ao da Independência do Brasil e havia-se a necessidade de criar uma cultura propriamente brasileira, diferenciando-a da cultura de Portugal. Se a língua e outros traços culturais eram iguais, o que encontraram como símbolo do Brasil foi justamente a própria terra, com suas belezas e encantos, e o índio, elegido como verdadeiro herói nacional.
Na figura do índio foram encerrados todos os valores que gostariam de ser associados ao homem brasileiro, tais como honra, lealdade, devoção à amada e sobretudo o amor pela terra. O prof. Marcílio lembra que a figura do índio dentro do Romantismo brasileiro é claramente idealizada, sendo que os próprios autores tinham consciência disso, mas pensando-se dentro do momento histórico em que a obra foi concebida a figura do índio surge como símbolo máximo da terra brasileira. Portanto, o índio Peri, protagonista de "O Guarani", deve ser entendido como um símbolo da terra brasileira.
Além da relação de Peri com a terra, outro ponto importante do livro é a relação amorosa de Peri e Ceci, que aproxima-se do endeusamento, da devoção religiosa. Ceci é uma “moça especial”, pois apesar de sua origem europeia e de sua condição