estrutura
Milton Mira Assumpção Filho
Aquecimento do mercado de trabalho não encerra debate sobre desemprego estrutural
No final de 1996, as tradicionais retrospectivas do período, em jornais e veículos de comunicação do Brasil e do mundo, repetiram em uníssono uma frase emblemática: “O mundo assiste a grande avanço na globalização, cujo ponto central é a integração dos mercados e a gradativa queda das barreiras alfandegárias.
O processo é acompanhado de intensa revolução nas tecnologias de produção e informação”. De fato, nos oito anos transcorridos até hoje, a transformação do planeta foi imensa e incrivelmente rápida, impactando a economia e o modo de vida das pessoas.
Naquele ano, o polêmico economista norte-americano Jeremy Rifkin suscitou uma das mais intensas discussões sobre as conseqüências da globalização e do boom tecnológico, com a publicação do livro “O Fim dos Empregos”, que se tornaria um best seller, com milhões de exemplares vendidos nos quatro cantos do mundo.
A obra tornou inexorável debater o conceito do desemprego estrutural, ou seja, aquele que, independentemente da conjuntura econômica e da performance do nível de atividades, decorre da substituição da mão-de-obra pela tecnologia e do enxugamento dos recursos humanos como fator de competitividade.
O livro, agora relançado em edição histórica da M.Books, foi quase profético, embora tenha sido objeto de debates e até contestações. Os números demonstram que, no princípio da década de 90, o Brasil era o oitavo país com maior índice de desemprego. Em 1998, saltara para lamentável terceiro lugar. Hoje — independentemente da atual tendência de expansão do mercado de trabalho — tem taxa de desemprego em torno de 12%, maior do que na época, e continua entre as nações nas quais o problema é mais grave.
Verifica-se, com clareza, que o fenômeno não decorre tão somente da retração do nível de atividade. Mesmo em períodos de economia aquecida, o País não conseguiu tornar a