Dante e Beatriz erguem-se com movimento rapidíssimo para a esfera do fogo e, ultrapassada, chegam ao primeiro céu, o da Lua, onde se encontram os espíritos daqueles que foram constrangidos pela violência dos outros a serem infiéis aos votos religiosos. Dante encontra aí Piccarda Donati. No Paraíso, os bem-aventurados residem todos no Empíreo em contemplação de Deus, mais perto ou mais longe d''Ele segundo seu mérito, mas todos felizes do seu estado. Só para fazer compreender a Dante a arquitetura celeste, e para lhe mostrar o seu diverso grau de felicidade, eles se agrupam nos sete céus planetários, cada um naquele cuja influência sofreu em vida, segundo as regras astrológicas medievais. Uma particular virtude moral preside a cada céu: a fortaleza no céu da Lua, a justiça em Mercúrio, a temperança em Vênus, a prudência no Sol; e no céu de Marte há a fé, no de Júpiter, a esperança, em Saturno, a caridade. No céu de Mercúrio pairam os espíritos que usaram do seu talento para fazer o bem. E aqui se revela a Dante Justiniano, o qual celebra, a grandes linhas, a história do Império Romano, desde Enéias a Carlos Magno. Depois do encontro com o imperador, Beatriz tira algumas dúvidas de Dante falando-lhe da morte de Cristo, da redenção do homem do pecado original, da incorruptibilidade do que foi criado diretamente por Deus. E assim discutindo, chegam à esfera de Vênus, onde, entre os espíritos que fortemente amaram, encontram Carlos Martel, filho de Carlos II de Anjou. Passando por Florença em 1294, o jovem angevino conhecera Dante e dera-lhe prova de grande amizade, logo cortada pela sua morte prematura. Depois de Carlos, outros espíritos amantes se revelam ao poeta: Cunizza da Romano e Folco de Marselha, que censura a vergonhosa avareza dos eclesiásticos. No quarto céu, o do Sol, brilham as almas sapientes e triunfam os teólogos. Dante encontra lá Tomás de Aquino e Boaventura de Bagnorea, que tecem o elogio dos dois grandes campeões da fé, S. Domingos e S. Francisco.