Estrada de Ferro Madeira Mamore
Operários trabalham na terceira e última tentativa de construção da ferrovia, de 1907 a 1912.
Rios caudalosos, florestas impenetráveis, tribos indígenas desconhecidas e histórias de animais gigantes que se alimentam de seres humanos. Um cenário assustador para a maioria, mas perfeito para aventureiros em busca de fama e riqueza no final do século XIX e início do XX. Foi nessa época que a Amazônia recebeu milhares de trabalhadores para a indústria de extração da borracha e para a construção de uma ferrovia de quase 400 quilômetros, que escoaria essa produção cortando os rios Madeira e Mamoré, a oeste do atual estado de Rondônia.
Cem anos depois da inauguração da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), Rondônia está em ritmo de festa. Vários eventos no estado comemoram o centenário, e a ferrovia é candidata a Patrimônio Mundial da Unesco. Toda a festança, no entanto, parece esquecer que agora também se completam 40 anos que a EFMM foi desativada e quase acabou num ferro-velho. Nas últimas décadas, trilhos foram furtados, estações estão caindo aos pedaços, e as locomotivas formam um cemitério em Porto Velho. Para completar, estão sendo construídas na região as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, acusadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de cobrirem com água parte do patrimônio e não seguirem fielmente as medidas indicadas pela instituição e pelo Ibama para compensar o impacto das obras.
Quase todas as 22 medidas compensatórias financiadas pelas usinas são relacionadas à recuperação do patrimônio ferroviário e estão sendo fiscalizadas a duras penas pelo Iphan. Segundo Beto Bertagna, superintendente do órgão em Rondônia, o principal problema é a usina de Jirau, responsável por mais de metade das medidas. “Até agora eles não cumpriram o cronograma e estão contestando as medidas acordadas anteriormente. Por