Estamira
O filme relata uma história de uma mulher de sessenta e três anos, o qual era chamada de Estamira, onde trabalha num aterro sanitário, no Rio de Janeiro. Apesar do seu discurso politizado e articulado sobre humanidade, meio-ambiente e filosofia, sofre de distúrbios mentais. O documentário acompanha a vida dessa brasileira e seu tratamento psiquiátrico pela rede pública de saúde. O seu delírio era uma tentativa de dar sentido ao mundo e a vida. Ela conta suas história de vida, onde sente falta da mãe e o avô abusou sexualmente dela e da mãe, e a mãe também tinha um quadro de psicose. Ela não contava com nenhum tipo de rede social. O autor discute a capacidade criativa , a partir da utilização da fantasia.
Para relacionarmos com o texto de Canguilhem precisamos definir o que seria o normal, que só pode ser entendido no plano individual da normatividade biológica que aceita as leis naturais em estado patológico dentro do funcionamento do próprio organismo e é obrigatoriamente relacionada com o meio: “...um ser vivo é normal num determinado meio na medida que ele é a solução morfológica e funcional encontrada pela vida para responder às exigências do meio...” (pg:113). É dessa relação essencial da vida com o meio, relação natural, que ele explica a necessidade do normal na consciência humana, necessidade anterior à própria consciência por ser fruto da relação do ser com meio. A patologia então pode ser uma variação normativa da vida, mas não é regida pela mesma norma que a fisiologia, ou seja, ela deve ser relacionada à vida e não à saúde.
De acordo com os conceitos mostrados no texto de Canguilhem, Estamira tem uma capacidade normativa, ou seja, onde ela se “adapta” aquele ambiente que ela esta, que no caso era o lixão e estabelece um laço com as pessoas dali e também mantém laços com a família. No documentário ela diz uma frase assim: “Sou perturbada mais sou lúcida” isso mostra que ela consegue criar novas normas de funcionamento.
Só pode falar