Est Cio Milagres E Magias Merecem Credibilidade
Estácio Trajano Borges*
INTRODUÇÃO
De início, é conveniente conceituar os termos milagre e magia e, somente após, procurar mostrar as suas distinções e semelhanças, segundo a característica de isenção que a pesquisa científica deve possuir. Assim sendo, diz-se que milagre é uma ato ou um fato cuja compreensão escapa à razão humana, mas cuja autoria geralmente é atribuída a Deus ou a algum santo, enquanto a magia consiste na produção de efeitos que contrariam as leis naturais, mediante alguns procedimentos ritualísticos geralmente ininteligíveis. Por isso, dependendo da perspectiva ou do ponto de vista, e da simpatia ou antipatia das pessoas que presenciam o milagre ou a magia, o mesmo fato extraordinário pode ser caracterizado como um ou como a outra.
Contudo, esses conceitos simples não conseguem esconder as discrepâncias e similaridades existentes entre estas duas formas de ação fantástica, diante da subjetividade que identifica as pessoas que delas tomam conhecimento ou sentem os seus efeitos. Nesse sentido, tomemos o posicionamento do sociólogo Durkhein acerca desses fenômenos tão distantes e tão próximos, tão essenciais e tão dispensáveis para a vida do homem:
Será necessário, pois, dizer que a magia não pode ser distinguida da religião com rigor; que a magia é plena de religião como a religião, de magia, e que, por conseguinte, impossível separá-las e definir uma sem a outra. Mas o que torna essa tese dificilmente sustentável é a aversão profunda da religião pela magia e, consequentemente, a hostilidade da segunda para com a primeira. A magia pressupõe uma espécie de prazer profissional em profanar as coisas santas; nos seus ritos, ela assume a posição oposta à das cerimônias religiosas. A religião, por sua vez, embora não tenha condenado e proibido sempre os ritos mágicos, olha-os em geral de modo desfavorável (Durkhein, Émile. As Formas Elementares de Vida Religiosa,