Espiritualidade Eclesiástica.
Nunca é demais lembrar, principalmente em tempos de individualismo e muita competição, inclusive entre as igrejas, de que Deus criou o mundo, gostou do que criou, e o ama tanto que enviou seu único Filho para viver neste mundo e instaurar o modelo do governo de Deus e seus valores.2
Introdução
Olhando para o texto da teóloga Joyce Torres Plaça e pensando na advertência feita pela teóloga Blanches de Paula que diz: “Espiritualidade cristã não pode ser encarada simplesmente como um conjunto de práticas espirituais como oração, leitura devocional, regras e normas de conduta”; pensamos que a orientação da nossa espiritualidade está comprometida com a nossa visão equivocada do mundo, entendendo esse termo como as multiformes manifestações da vida. Enquanto o mundo e o pecado forem sinônimos ser espiritual equivalerá a viver divorciado do mundo, negar o corpo como clausura da vida.
I) Espiritualidade pastoral
De fato a relação que temos com a vida reflete a nossa espiritualidade, o contrário também é verdadeiro, a nossa espiritualidade determina o modo como nós vivemos. O problema surge quando criarmos uma dialética envolvendo o mundo onde a vida se manifesta e a espiritualidade. Uma se dá em função da outra, mesmo que se negue o mundo como expressão da vida (uma ascese radical), é desse “mundo vivo” que brota a nossa espiritualidade, seja como negação, ou confirmando-o. “A espiritualidade necessita que seja algo que transpasse toda a vida humana e cósmica e que perpasse toda e qualquer reflexão teológica” (RIBEIRO, 2013, p. 8). Neste sentido aqui expresso pelo teólogo Claudio de Oliveira Ribeiro, a espiritualidade é uma postura frente à vida, o mundo como sua manifestação, e – dentro da perspectiva especifica da cristandade, que busca ler e interpretar a Bíblia como regra de conduta e expressão de fé –, deve, por conseguinte, emanar daí ações de cuidado que reflita o amor, a fé e a esperança. A espiritualidade não pode ser apolítica,