Espionagem Norte Americana
Estudo revela espionagem norte-americana no Brasil Por Paloma Rodrigues A análise de cerca de 9 mil documentos do Departamento de Estado norte-americano permitiu ao professorEduardo José Afonso encontrar provas da presença de lideranças sindicais norte-americanas no Brasil junto às lideranças locais, durante o segundo mandato de Getúlio Vargas. Eram os adidos trabalhistas, que foram enviados ao Brasil para descentralizar o operariado das mãos do governo da época. Em pesquisa de doutorado realizada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Afonso analisou a ação dos adidos trabalhistas norte-americanos e ingleses no Brasil, entre 1943 e 1952. “A vinda dessas lideranças foi uma tentativa de “fazer a cabeça” dos brasileiros para a busca da desvinculação de sua atuação do Estado”, afirma. O pesquisador descreve os adidos trabalhistas como pessoas que não pertencem ao quadro diplomático de determinado país, mas servem junto à estes órgãos representando interesses específicos, como o adido militar e o adido cultural, por exemplo. Quando Roosevelt assumiu a presidência dos Estados Unidos, em 1933, colocou os adidos trabalhistas para se inteirarem da movimentação sindical ao redor do mundo, que tinha fios ideológicos ligados a esquerda proposta pelos soviéticos. “Mesmo sabendo da contraposição que ia sofrer, Vargas não pôde se indispor à presença dos grupos, pois estes se apresentavam oficialmente como membros da embaixada norte-americana no Brasil”, revela Afonso. Segundo o professor, as lideranças norte-americanas queriam criar uma grande central sindical mundial, a qual comandariam. - Foram analisados cerca de 9 mil documentos do governo americano - Atenção redobrada No segundo mandato de Vargas, a atenção dos adidos trabalhistas no Brasil foi redobrada, pois o Departamento de Estado sabia que sua liderança ia de encontro com o desejado pelos EUA para o Brasil, bem como para a América