Especialização precoce: os danos causados à criança
Introdução
O esporte vem ocupando um espaço cada vez maior na vida das pessoas, especialmente das crianças e dos jovens. A influência dos eventos esportivos divulgados com grande freqüência pelos meios de comunicação, a identificação com ídolos, a pressão dos pais e dos amigos e a esperança de obter sucesso e status fazem com que um número crescente de crianças inicie sua prática cada vez mais cedo. Treinar, competir, vencer, prêmios, são palavras comuns no cotidiano dos jovens que praticam esporte ou que o vislumbram como grande possibilidade de sucesso (DE ROSE JR, 2002). Toda prática esportiva oferecida às crianças e aos adolescentes é permeada por ações adultas - dos pais, dos dirigentes, dos professores, dos técnicos, dos árbitros; todos interferem de alguma forma nas experiências esportivas de seus praticantes. Essa influência não diz respeito simplesmente aos comportamentos e às atitudes dos adultos no momento da competição, mas também aos valores e aos princípios que norteiam a forma como o esporte é ensinado e praticado (KORSAKAS, 2002). A pedagogia do esporte não se resume a métodos de treinamento é mais complexa (princípios, objetivos, estratégias, comunicação, conteúdos, sensibilidade, diálogo com o sistema humano). Valores que permeiam o competir, como participação, alegria, entrega, cooperação, perseverança, auto-estima e o próprio aprendizado técnico e tático, raramente são considerados relevantes (...). O que se pode discutir, e talvez isso seja relevante, é o tratamento que os professores dão à competição (SANTANA, 2004). Ainda, em alguns casos, contrapondo-se ao esperado - tratar pedagogicamente o esporte -, os especialistas frequentemente utilizam uma pedagogia pautada em referenciais de rendimento - conquistas, quebra de recordes, resultados imediatos. Logo, uma pedagogia preocupada menos com educação e complexidade e mais com a descoberta e revelação de talentos