Especialização comercial após a liberalização da economia brasileira
Especialização comercial após a liberalização da economia brasileira: uma análise dos setores de insumos básicos*
Clésio Lourenço Xavier** Professor Adjunto do IEUF.
Sabrina de Cássia M. de Souza*** Mestranda do IEUF.
Introdução
A partir do fim da década de 80, o Brasil passou por um processo de liberalização de sua economia, que, associado ao acirramento da concorrência internacional, causou transformações em sua estrutura produtiva, com impactos sobre o padrão de comércio vigente no País. Este trabalho procura verificar essa relação existente entre a abertura comercial, as transformações na estrutura produtiva e seus impactos no padrão de comércio do Brasil, na década de 90.
A hipótese é de que a liberalização, ao contribuir para um acirramento da concorrência, estaria acarretando um aumento do comércio intra-industrial e da especialização comercial brasileira: o País estaria especializando suas exportações, sobretudo em segmentos de menor valor adicionado, enquanto estaria importando produtos mais elaborados, mesmo em setores nos quais possui vantagens competitivas naturais, como é o caso dos setores intensivos em recursos naturais e mão-de-obra.
Impactos da liberalização comercial sobre a estrutura produtiva e o comércio brasileiro
O processo de liberalização da economia brasileira iniciou no fim dos anos 80 e aprofundou-se, como opção estratégica, nos anos 90. A redução da participação do Estado tanto na estrutura produtiva quanto na proteção da indústria nacional, que, em alguns setores, se configurava como um elemento histórico na economia do País (tal como ocorreu com os setores papel e celulose e siderurgia), acarretou transformações, com impactos para a configuração da estrutura produtiva brasileira e, dessa forma, para seu desempenho comercial externo.
Um aspecto fundamental no processo de liberalização foram as modificações tarifárias, que ampliaram a concorrência no País,