espaços da metropoles
Sempre se inicia o conhecimento de algo, mesmo enigmático e indecifrável na sua complexidade como a metrópole, com uma visão panorâmica dos aspectos considerados básicos, em aproximações sucessivas. Nas cidades capitalistas, locus da mercadoria, hoje globalizada, principalmente no novo milênio já iniciado, destacam-se questões recorrentes: a magnitude de sua população e seus ritmos de crescimento; o peso de produção industrial no conjunto da economia (o que já foi considerado a saída local, regional e nacional para o desenvolvimento); o papel histórico de suas burguesias e de seu proletariado; as configurações espaciais e relações com a hinterlândia, as dimensões da desigualdade sociopolítica e cultural. As metrópoles foram as configurações socioespaciais representativas do momento histórico da acumulação fordista, da industrialização e da construção do Estado do Bem-Estar Social, mas receberam avaliações pessimistas pelos graves problemas que apresentaram, especialmente nas décadas de 70 e 80. Nos anos 90, entretanto, obtiveram novas interpretações, sendo ressignificadas como espaços onde podem surgir novas idéias, como laboratórios de iniciativas, e novas sociabilidades, como ambientes cálidos que favorecem a democracia e defendem os cidadãos dos frios e impessoais mecanismos do mercado (Borja, 1990; Ianni, 1994).
No Brasil, podem ser esquematizados quatro momentos históricos no que se refere ao papel das metrópoles: quando as cidades brasileiras formavam quase um arquipélago, a ausência de comunicação entre as metrópoles dava a estas uma zona de influência restrita onde apenas comandavam uma fração do território; quando se tenta formar um mercado único nacional, com integração territorial apenas no Sul e Sudeste; um terceiro momento é representado pela constituição de um mercado nacional único; o momento atual, que "conhece um ajustamento à crise desse mercado, que é um mercado único, mas segmentado, único e diferenciado, um mercado