Espaço público e nova urbanidade
O desenvolvimento deste texto apoia-se na hipótese segundo a qual os conflitos que eclodem na cidade se realizam como luta pelo espaço. O ponto de partida do raciocínio toma a cidade como produção histórica revelando a dimensão da vida humana, posto que todas as relações sociais realizam-se como relações espaço-temporais, significa afirmar que as contradições do capitalismo são vividas como realidade concreta no plano da vida cotidiana. Aí se localiza desenvolve-se o “exercício de cidadania” que concretiza-se como luta pelo direito a cidade.
2 Inaugura-se -nos anos 80- no Brasil, como decorrência do fim da ditadura militar, a ação dos chamados "movimentos sociais" que colocam em xeque a extrema desigualdade social decorrente da opção pelo crescimento econômico em detrimento do desenvolvimento social. Este se materializa na profunda desigualdade sócio-espacial – o urbano revela acessos diferenciados na cidade – expressa nas relações contraditórias entre centro e as imensas periferias marcadas pela precarização das habitações, infraestrutura, e emprego, ao lado da ausência de equipamentos sociais. Também será o lugar de onde as vozes contrárias a esta situação vão questionar o “direito á cidade” para todos. Numa fase critica da urbanização esta ação eclode como urgência e tem por álibi o acesso a moradia, mas para além da resolução da urgência da moradia o que esta em jogo é a redefinição das diretrizes da produção da cidade como espaço de todos.
3 - Como fundamento da luta é o questionamento da cidade produzida enquanto valor de troca à qual os movimentos sociais contrapõem, como seu negativo, a cidade enquanto valor de uso. Como desdobramento exige-se a redefinição do “espaço público” e da constituição dos novos termos em que se realiza a “urbanidade” à luz deste direito.
4 - Os movimentos sociais que exigem a reforma urbana iluminam um fato importante: sob a égide da reprodução capitalista, a