escola de mulheres
Escola de Mulheres
Molière
Índice Primeiro Ato Cena 1
5
Terceiro Ato Cena 1
27
Cena 2
31
Cena 1
Crisaldo e Arnolfo
Crisaldo
Vindes, ao que dizeis, tomá-la por esposa?
Arnolfo
Sim; quero terminar logo a coisa.
Crisaldo
Podemos, já que aqui vejo estarmos a sós,
Conversar, sem que alguém nos escute, entre nós.
Dizer-vos, como amigo, o que penso, acho justo:
Vosso intuito, por vós, me faz temer de susto;
E por mais que o encareis pelo aspecto contrário,
Tomardes, vós, mulher, é um rasgo
[temerário.
Arnolfo
Tendes razão. Decerto encontra o vosso peito
Motivos de temor no que aos outros diz respeito.
E a vossa fronte quer que em toda parte os cornos
Sejam do matrimônio infalíveis adornos.
Crisaldo
Ninguém, de acasos tais, pode julgar- se a salvo,
E pretender opor-se à sorte é ser papalvo.
Mas, no que a vós concerne, esses escárnios temo,
Da mofa e do sarcasmo o vosso gesto extremo,
De cujos lances não se viu aqui marido
De qualquer condição ou classe, garantido.
Sabe-se como achais no escândalo prazer,
Na intriga conjugal; que a público trazer
De um marido a desgraça, é vos sempre uma festa...
Arnolfo
Mas pode haver no mundo outra cidade que esta
Na qual, em que à moral pese, ao juízo e a sapiência,
Maridos haverá de tanta complacência?
E não podemos ver aqui cada sujeito
Que acomodam no lar de todo santo jeito?
Junta, um, bens, que a mulher, generosa, reparte
Com quem tem, de plantar-lhe os cornos, a hábil arte;
Sem ser menos infame, outro, já com mais sorte,
Com ricos mimos vê brindarem-lhe a consorte,
Sem que essas atenções seu ciúme leve a peito,
Que à sua castidade, afirma ela, são preito.
Mais um, a quem de raiva e fel a bílis ferve,
Faz um bruto escarcéu que de nada lhe serve;
Outro deixa correr a coisa de mansinho,
E quando em casa vê chegar o galãzinho
Se encarrega, cortês, de seu chapéu e luvas,
Falando do bom tempo e das últimas chuvas.
Uma, matreira, o pé por outra forma calça
E