Escatologia
RESUMO
O presente artigo investiga as razões que indicam o apedrejamento de Estevão, no ano 34 da era cristã, como o evento que encerra a profecia das “setenta semanas’’ de Daniel 9:24-27. O autor parte de um importante material produzido sobre o assunto por William H. Shea, na década de 1980, desenvolvendo e ampliando a argumentação ali presente.
O artigo primeiramente reconstrói os ambientes histórico e teológico de Estevão e o papel que ele desempenhou na vida da igreja apostólica. Em seguida, analisa o significado profético de seu discurso e sua visão no contexto da teocracia israelita, bem como seus resultados no relacionamento final entre Deus e a nação judaica.
INTRODUÇÃO
A interpretação histórico messiânica das setenta semanas de Daniel 9:24-27 teve de esperar um tempo muito longo por uma defesa exegética do evento que encerra a profecia. Até o final do século dezoito seguindo a tradição da maioria dos pais da igreja e reformadores – muitos autores simplesmente afirmavam que a 70ª semana, que havia se iniciado com o batismo de Jesus, chegou ao fim quando o evangelho começou a ser pregado aos gentios. A única indicação na profecia para esta conclusão era a frase introdutória: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade’’ (v.24), que se admitia significar o final de todos os privilégios do povo judeu.
Esta interpretação recebeu mais sólido apoio escriturístico quando o Estevão foi inserido no cenário profético. A primeira pessoa a fazer isto parece ter sido o erudito irlandês William Hales. Em 1799, Hales publicou um volume anônimo em que afirmava que a última das setenta semanas havia terminado em “cerca de 34 d.C. (por volta do martírio de Estevão)’’. Quase dez anos mais tarde, na primeira edição do seu A New Analysis of Chronology, ele foi menos hesitante em afirmar que a profecia “terminou com o martírio de Estevão’’. Finalmente, na segunda e mais definitiva edição dessa obra, ele