Errância
1. A errância como condição nietzscheana: Três personagens de espírito livre. 2 2. Quixote, Crusoé e Mazzini: trajetórias e errância. 7 2.1. Panorama geral do tempo de Cervantes 7 2.2. Robinson Crusoé, o errante dos mares. 10 2.3. A errância de um capixaba 14 3. Errâncias e confluências. 17 BIBLIOGRAFIA 19
1. A errância como condição nietzscheana: Três personagens de espírito livre.
A ideia de errância, que subjaz no âmago da tradição literária ocidental, está profundamente ligada às experiências humanas de fuga, exílio, desejo pelo desconhecido, busca de crescimento espiritual etc. Segundo BARTHES (1977, p. 18), “A segunda força da literatura, é sua força de representação. Desde os tempos antigos até as tentativas da vanguarda, a literatura se afaina na representação de alguma coisa. O quê? Direi brutalmente: o real.” Por isso, entendemos que a análise de obras literárias, onde um signo é demasiado expressivo é importante para pensarmos a respeito da sociedade em que vivemos e entendermos o quanto a literatura reflete a realidade. Segundo JOSEF (2006, p. 57), “Esclarecer a obra é esclarecer também as verdades implícitas e profundas do contexto social”.
Tomaremos errância como o insaciável anseio libertário, destruidor dos limites impostos, o gosto pela aventura, pelo incerto, pelo que ainda não foi ousado. O errante busca a desconstrução do estabelecido, deseja o devir sem se resignar aos sobressaltos. Temos em Humano, demasiado humano uma bela síntese do errante que propomos.
“[...] um ímpeto ou impulso a governa e domina, uma vontade, um anseio se agita, de ir adiante, aonde for, a todo custo; uma veemente e perigosa curiosidade por um mundo indescoberto flameja e lhe inflama os sentidos[...]” (NIETZSCHE, 2005, p.9)
Será a obra do próprio Nietzsche nossa guia pelo universo errante. Baseado em seus escritos – Humano, demasiado humano e Assim falou Zaratustra – buscaremos estabelecer uma possibilidade para o tema errância.