era uma vez
- "Macho que é macho não chora vendo filme"
- "Balé é coisa de menina"
Numa determinada época da vida, todo menino já pensou desta forma. Ou pior ainda: sofreu com quem pensava assim. Depois, se aprende que uma coisa não tem nada a ver com a outra e que a masculinidade não é nem um pouco afetada por se emocionar no cinema, não gostar de futebol ou dançar balé.
Difícil dizer se foi proposital ou não, mas o trailer pouco mostra. A edição "vende" apenas a história de um menino que descobriu na dança a sua vocação. Billy Elliot é muito mais do que isso.
Chorar e rir com a vida do garoto de 11 anos, que mora numa pequena cidade do norte da Inglaterra, não é tarefa das mais difíceis. Isso, porque a direção do estreante Stephen Daldry é impecável. Vindo do teatro, como seu conterrâneo Sam Mendes (Beleza Americana), Daldry fez todos atuarem de forma convincente, desde o jovem protagonista Jamie Bell até sua esclerosada avó, Jean Heywood (indicada ao Oscar de atriz coadjuvante). Não é à toa que foi indicado ao prêmio de melhor diretor. O filme concorre também ao Oscar de roteiro adaptado.
A Inglaterra de 1984/1985, cenário de Billy Elliot, era palco da greve dos mineradores de carvão. A trilha sonora do filme, com o punk local do The Clash e outras preciosidades, é perfeita como fundo musical para os protestos e confrontos com a polícia. Não poderia ser diferente, afinal, um filme de dança tem que ter música!
Jamie Bell desponta como promessa a uma nova safra de jovens atores. Os dois têm mais em comum do que se poderia imaginar. Assim como seu personagem, ele aprendeu a dançar enfrentando o preconceito de outros meninos e foi encorajado por uma professora que acreditava em seu dom. Nos testes para o papel principal do filme, ele enfrentou a concorrência de outros 2000 jovens dançarinos - feito comparável à sua tentativa de ingressar na Academia