Era dos Extremos
Autor: Ephim Shluger
O maior legado de uma Copa, sem dúvida, é a nossa seleção conquistar o título de campeã do mundo. Esta é a perspectiva unânime, desde o torcedor comum ao mais fanático do futebol. Mas, para os organizadores locais da Copa do Mundo, o desafio maior era conseguir concluir, a tempo, todas as obras dos estádios e da infraestrutura de mobilidade urbana para o transporte público coletivo e para o transporte individual não motorizado, incluindo ciclovias e calçadas para os pedestres chegarem a saírem dos estádios, segundo as diretrizes e critérios funcionais estabelecidos entre a FIFA e nossas autoridades públicas na matriz de responsabilidades.
O Brasil optou por sediar os jogos em 12 capitais, sendo que em quatro dessas localidades não havia, anteriormente, estádios para a capacidade e os serviços exigidos pela entidade organizadora a FIFA. Portanto, tiveram que ser erguidos estádios novos. Nas demais cidades, os estádios existentes tiveram de ser reformados, e isso foi realizado a um custo total estimado de 9 bilhões de reais, segundo uma estimativa do Instituto Ethos.
Os elevados gastos públicos com a realização da Copa do Mundo logo suscitaram manifestações populares, com diferentes cores e matrizes - desde os mais radicais, com slogans “Não teremos Copa” e “Go Home FIFA”, até os que questionaram as licitações das obras dos estádios, as modificações injustificáveis nos projetos e os recorrentes Termos Aditivos, engordando os contratos das empreiteiras e das empresas terceirizadas. Observadores mais atentos apontam que a falta de planejamento e de ações mais coordenadas entre os órgãos nacionais e locais, responsáveis pelo lançamento de editais e pela contratação de consórcios de empresas construtoras, resultaram em atrasos na execução dos projetos executivos e das obras. Como consequência, quase a totalidade dessas obras tiveram de ser modificadas no decorrer de sua realização.
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