Epistemologia - Prof. André Ribeiro 1 A Epistemologia de Kuhn O trabalho de Thomas Kuhn (1977, 1978) é um marco importante na construção de uma imagem contemporânea de ciência. Suas idéias sobre o desenvolvimento científico são precursoras - a primeira edição de seu primeiro livro A estrutura das revoluções científicas é de 1962. Ao propor uma nova visão de ciência, Kuhn elabora críticas ao positivismo lógico na filosofia da ciência e à historiografia tradicional. Em síntese, esta postura epistemológica superada pelo modelo kuhniano acredita, entre outras coisas, que a produção do conhecimento científico começa com observação neutra, se dá por indução, é cumulativa e linear e que o conhecimento científico daí obtido é definitivo. Ao contrário, Kuhn encara a observação como antecedida por teorias e, portanto, não neutra (apontando para a inseparabilidade entre observações e pressupostos teóricos), acredita que não há justificativa lógica para o método indutivo e reconhece o caráter construtivo, inventivo e não definitivo do conhecimento. Esta posição, mais tarde, configurar-se-á como o que existe de consenso entre os filósofos contemporâneos da ciência. Em particular, para Kuhn a ciência segue o seguinte modelo de desenvolvimento: uma seqüência de períodos de ciência normal, nos quais a comunidade de pesquisadores adere a um paradigma, interrompidos por revoluções científicas (ciência extraordinária). Os episódios extraordinários são marcados por anomalias / crises no paradigma dominante, culminando com sua ruptura. II. Paradigma Certamente, paradigma é o conceito mais fundamental de sua teoria. No entanto, após a publicação do Estrutura das revoluções científicas, grande polêmica instalou-se em torno de seu significado. Em 1965, quando é realizado o Seminário Internacional sobre Filosofia da Ciência em Londres - evento marcante para a discussão do tema - Kuhn recebe várias críticas. Masterman (1979), por exemplo, constatou a ambigüidade apresentada pela palavra