epidemiologia

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Margaret Thatcher, a heroína de Rupert Murdoch e namoradinha da revistaVeja, chamava o Congresso Nacional Africano, de Nelson Mandela, de “organização terrorista”.
Incomodava a ela, brandamente, o apartheid na África do Sul, mas o país da ditadura branca era aliado da Inglaterra e a gente sabe como são as coisas quando os interesses prevalecem.
Se Nelson Mandela era visto como inimigo pelos nossos amigos, pensava a Thatcher, ele se transformava automaticamente em nosso inimigo.
Ronald Reagan – outro grande democrata – barrou no Congresso Americano sanções contra o regime segregacionista da África do Sul. O canastrão que virou presidente – ídolo do Washington Post e paixão do Estadão – batia palmas para o regime que confinava Mandela, em trabalhos forçados, numa ilha remota vizinha a um leprosário.
O Ocidente que agora finge chorar por Mandela tratava-o, a ele e à “negrada” que o cercava, como um perigo às instituições.
Na Inglaterra, o deputado Teddy Taylor, xodó de Thatcher, bradou no Parlamento: Mandela “deve ser fuzilado”. O jornal News of the World – que cometeu suicídio em 2012 – escreveu que Mandela pretendia estabelecer na África do Sul “uma ditadura comunista negra”. A Federação de Estudantes Conservadores (FCS) distribuiu adesivos: “Enforquem Nelson Mandela”. O líder do FCS era John Bercow, hoje presidente da Câmara de Comuns. BercowBrecow naturalmente diz que não tem nada a ver com isso.
Quando Mandela foi eleito presidente, muita gente botou erm dúvida sua capacidade de governar uma nação problemática. Aquele surrado argumento: não tinha preparo para a coisa. Não tinha diploma, não tinha pedigree.
A gente conhece bem esse enredo. Aqui no Brasil Mandela não teria sido presidente; se, por um descuido da Casa Grande, viesse a ser, fariam tudo para que ele não pudesse governar. Os editoriais dos jornalões o espancariam todos os dias. O preconceito iria perseguir cada gesto seu. Aí, no dia em que ele morresse, os jornalões, os barões da mídia, em

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