Envelhecimento e Aposentadoria
Eunice Maria Nascimento
Doutora em Psicologia
Como resultado da pesquisa realizada com um grupo significativo de pessoas da Cidade de Curitiba, que se encontravam na fase de pré-aposentadoria e aposentados, tivemos a oportunidade de investigar vários aspectos relacionados com o processo de envelhecimento e aposentadoria, sendo que o tema é denso, permitindo diferentes considerações, pois, trata-se de uma questão relevante e atual, isto é, o destino comum da maior parte das pessoas: envelhecer e interrupção da atividade produtiva. Desse modo, com a interrupção é determinante que ocorram inúmeras implicações sociais, além de ocasionar inúmeros reflexos na dinâmica intrapsíquica.
Até que ponto a aposentadoria e o processo de envelhecimento podem ser vividos como uma situação crítica ou de estagnação, ou se, o indivíduo pode encontrar outras formas de se realizar produtiva e criativamente, nessa etapa da vida. Lembramos que, em nossa sociedade, o trabalho é uma das formas sociais mais valorizadas pelo ser humano, a participação no mundo adulto e o relacionamento produtivo, propicia ao indivíduo o reconhecido e a valorização pela atividade que realiza e pela posição que a mesma lhe confere. Segundo Freud (apud Erickson, 1976), um homem saudável, normal se caracteriza por sua capacidade de “amar e produzir”, e a atividade profissional particularmente eleita de acordo com as disposições e interesses internos, é um dos modos do indivíduo atingir a satisfação de suas necessidades.
Talvez graças ao significado social da ocupação, de seu papel e de seus extraordinários efeitos sobre o indivíduo haja atualmente grande simpatia e preocupação com o trabalhador, enquanto ser produtivo. A descoberta do homem como trabalhador é um dos grandes acontecimentos do pensamento contemporâneo e apesar disto, percebemos que há um ilimitado interesse e escassez de pesquisas sobre o efeito psicológico da interrupção do trabalho, seja por