Entrevista e obeservação
Entrevista com Fernanda Bortone (CRP 05/26510), psicóloga e colaboradora da
Comissão de Educação do CRP-RJ.
1) Qual é o lugar reservado para o psicólogo no campo da educação atualmente?
O que se demanda desse profissional no ambiente escolar?
O espaço do psicólogo no campo da educação tem sido ampliado nos últimos anos, principalmente através da inclusão dos mesmos em equipes multidisciplinares nas secretarias de educação e através da alocação em “centros” de atendimento às crianças com queixas escolares. Esta ampliação merece ser analisada criteriosamente, pois a mesma não deve ser vista somente como o reconhecimento da importância do profissional para área ou possibilidade de garantia de empregabilidade. Creio que precisamos entender que campos de força mobilizam hoje a entrada deste profissional na escola ou nas secretarias. E a partir deste entendimento atuar tendo em vista um compromisso político de contribuir para a construção de espaços de aprender juntos, onde as diferenças sejam valorizadas, sejam criadoras de modos de convivência mais plurais, solidários, emancipatórios e não individualistas, mecânicos, competitivos e aprisionadores dos sujeitos em modelos totalizantes.
As histórias vividas no campo de atuação têm me mostrado um intenso processo de fabricação em série de “alunos problemas”. Diante deste desvelamento, creio que, ao invés de atuarmos nesta engrenagem como fortalecedores desta produção, podemos intervir perguntando como as relações de aprendizagem, como as relações diagnósticas fabricam estes alunos. Questionando no cotidiano de trabalho que práticas objetivam/objetivaram o “aluno problema”, o imaturo, o hiperativo, agressivo, lento. Não se trata de simplesmente recusar as solicitações de atendimento individual do “aluno-que-fracassa-na-escola”, mas de colocá-la em análise coletiva, recusando o entendimento desta “categoria de aluno” como essência, o que nos faz olhar para esses