Entrevista a eugénio de andrade
Estamos aqui hoje com o poeta Eugénio de Andrade e demos então começo à entrevista.
Entrevistadora: Primeiro queria que me falasse um pouco de si, onde e quando nasceu.
Eugénio de Andrade: Nasci José Fontinhas dia 19 de Janeiro de 1923, na freguesia de Povo de Atalaia (Fundão). Aos 10 anos desloquei-me para Lisboa com a minha mãe e frequentei escolas como o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro. Apenas adotei o pseudónimo Eugénio de Andrade quando comecei a escrever.
Em 1943 mudei-me para Coimbra e, recentemente, estou a viver na Foz do Porto, no edifício onde se situa a Fundação com o meu nome, a Fundação Eugénio de Andrade.
E: Em que ano começou a escrever poemas?
E. A.: Foi em 1936, tinha apenas 13 anos.
E: Quer então com isso dizer que foi para escrever que você nasceu?
E. A.: Acho que posso dizer que sim até porque abandonei a ideia de um curso de Filosofia para me dedicar à poesia e à escrita, atividades pelo qual demonstrei desde cedo profundo interesse.
E: Qual foi a sua primeira obra publicada?
E. A.: “Narciso”
E: Qual foi o poema que mais gostou de escrever?
E. A.: Uma pergunta deveras difícil. Mas talvez “Memória dos dias” que está na minha mais recente obra lírica “Os Sulcos da Sede” e que tem como assunto a chegada da amada do sujeito poético a casa. O poema diz assim:
Vais e vens na memória dos dias onde o amor cercou a casa de luz matutina.
Às vezes sabíamos de ti pelo aroma das glicínias escorrendo no muro, outras pelo rumor do verão rente ao oiro velho dos plátanos.
Vais e vens. E quando regressas é o teu cão o primeiro a sabê-lo.
Ao ouvi-lo latir, sabíamos que contigo também o amor chegara a casa.
E: É um poema lindíssimo, sem dúvida alguma. Descreva-nos agora em poucas palavras a poesia do século XX?
E. A.: Para mim, o século XX é o século de ouro da poesia portuguesa devido à quantidade e qualidade dos poetas da época. A poesia deste século