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Viagem poética
Para mim, a poesia não é essa espécie de canto ornamental da existência humana. Não. A poesia é aquilo que nos põe em contacto com qualquer coisa que até ali nós não víamos, não sentíamos. Passamos a ter uma outra visão, realmente. Distinta da visão natural e ingénua que é a nossa, quando a gente vem a este mundo e enquanto é jovem. A grande poesia é aquela que, de repente, nos oferece um mundo, no qual a vivência deste se altera em cores e dimensões não sonhadas. É a criação de um outro mundo que se acrescenta realmente ao nosso mundo visível. É portanto isso e não os versos que são muito bonitos.
LOURENÇO, Eduardo, “Estou em dívida para com a humanidade inteira”
(Entrevista de Carlos Vaz Marques), in Ler, n.º 72, setembro de 2008
Texto poético
O poema lírico […] não representa dominantemente o mundo exterior e objetivo, nem a interação do homem e deste mesmo mundo, assim se distinguindo fundamentalmente do texto narrativo e do texto dramático. A poesia lírica não se enraíza no anseio ou na necessidade de descrever o real empírico, físico e social, circunstante ao eu lírico, nem no desejo de representar sujeitos independentes deste mesmo eu ou de contar uma ação em que se oponham o mundo e o homem ou os homens entre si. Enraíza-se, em contrapartida, na revelação e no aprofundamento do eu lírico […], tendendo sempre esta revelação a identificar-se com a revelação do homem e do ser: “O ato poético é o empenho total do ser para a sua revelação.” (Eugénio de Andrade).
AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel, 1992. Teoria da Literatura. Coimbra: Almedina (8.ª ed.)
Pré-leitura
1. Apresenta a tua interpretação da citação de Eduardo Lourenço.
2. Justifica a integração de uma obra lírica no teu Projeto Individual de Leitura.
3. Avança uma explicação para o título da obra que vais ler.
Leitura
1. Durante a leitura da obra, toma notas acerca:
dos géneros líricos presentes; dos temas mais explorados nos