Entrevista fhc sobre 1968

2959 palavras 12 páginas
1968 é antídoto contra intolerância mundial, diz FHC
Em entrevista ao G1, ex-presidente fala sobre a herança dos movimentos sociais de 1968. Para ele, racismo contra imigrantes leva Europa a um retrocesso.
A guerra do Iraque e a onda anti-imigração na Europa têm um denominador comum: são dois fenômenos de intolerância do mundo moderno. Ambos contra o espírito dos jovens revolucionários de 1968, afirmou o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil, em entrevista exclusiva ao G1 na qual falou sobre as quatro décadas do ano em que "tudo parecia estar mudando".

"O que acontece na França hoje é o mesmo problema dos Estados Unidos nos anos 60: a discriminação. Há muitos muçulmanos na Europa hoje, e os europeus começam a definir a pessoa pelo sangue. Isso é racismo", afirma FHC, fazendo uma comparação com os Estados Unidos de George W. Bush. "O mundo atual tem esse desafio: ou aceita a diversidade ou fica a intolerância. Se não [os líderes] farão como o Bush, que invadiu o Iraque para implantar a democracia americana. Não dá certo, vai ter que aceitar que há pedaços do mundo que não são americanos. E não serão nunca."
O ano de 1968, tema desta reportagem especial do G1, foi agitado em todo o mundo. Nos Estados Unidos havia movimentos pacifistas (contra a guerra do Vietnã) e contra o racismo. Na Europa, estudantes se rebelaram contra as autoridades. E no Brasil os universitários organizaram passeatas contra a ditadura militar. FHC, hoje com 76 anos, foi um espectador privilegiado de 1968. Estava na França em maio, quando ocorreram os confrontos armados entre estudantes e a polícia. Inclusive deu aulas para um dos principais líderes do movimento, Daniel Cohn-Bendit, na Universidade de Nanterre -berço deste movimento social. E voltou ao Brasil no final do ano, pouco antes da decretação do AI-5, ato da ditadura que suprimiu as liberdades individuais e sufocou os movimentos políticos da oposição.

Nesta conversa, FHC criticou recente declaração do

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