entrevista com john green
R.: Bem, na frase de Shakespeare, "estrelas" significam "destino". No texto original, o nobre romano Cássio diz a Bruto: "A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores." Ou seja, não há nada de errado com o destino; o problema somos nós.
Bem, isso é válido quando estamos falando de Bruto e de Cássio. Mas não quando estamos falando de outras pessoas. Muitas delas sofrem desnecessariamente, não porque fizeram algo de errado nem porque são más ou sei lá o quê, mas porque dão azar. Na verdade, as estrelas têm muita culpa, sim, e eu quis escrever um livro sobre como vivemos num mundo que não é justo, e sobre ser ou não possível viver uma vida plena e significativa mesmo que não se chegue a vivê-la num grande palco, como Cássio e Bru
2- O que acontece com a Hazel? Eu me sinto meio como a Hazel por estar perguntando isso, mas todos sabemos que você não se parece em nada com o Peter.
R.: Não faço a mais vaga ideia. Sou diferente de Peter van Houten de várias formas, mas nesse caso (e em alguns outros), nós somos iguais: eu tenho acesso exatamente ao mesmo texto que você. Minhas considerações sobre o mundo fora daquele texto não são mais inteligentes nem mais autênticas que as suas.
Textualmente, é óbvio que a Hazel está mais fraca no fim do livro do que estava em Amsterdã, mas isso é tudo o que você sabe, e é tudo o que eu sei também.
3- Você não fica nem um pouquinho tentado a escrever o Uma aflição imperial?
R.: Não, eu jamais poderia escrever um livro como o Uma aflição imperial, e não acho que gostaria de escrevê-lo. Existe um tipo de prosa que David Foster Wallace uma vez descreveu como: "Veja, mãe! Sem as mãos!" O UAI, como eu o imagino, é bem esse tipo de livro: prodigioso, pretensioso e cheio daquela necessidade