Entrevista com Drauzio
Drauzio – Muita gente pensa que, vacinando a criança, ela estará protegida enquanto viver. Isso não é verdade. Há uma série de vacinas que precisam ser tomadas ou repetidas durante a vida toda.
João Silva de Mendonça – Esse conceito precisa ser difundido intensamente. Vacina não é uma ação exclusiva da pediatria. Adolescentes, adultos jovens e mesmo os idosos precisam receber vacinas. Algumas são exclusivas de determinadas faixas etárias. Outras dão sequência à vacinação iniciada na infância e exigem reforços por toda a vida. Um exemplo é a vacina contra o tétano. Mesmo que a criança tenha sido vacinada quando pequena, deve repetir a aplicação a cada dez anos. Nesse sentido, há um descuido muito grande na população adulta em geral, e no idoso em particular, que normalmente nunca tomou essa vacina.
Drauzio – Nas cidades grandes é grande o desconhecimento em relação ao tétano. Ele ainda é uma doença frequente?
João Silva de Mendonça – Atualmente, no Brasil, o tétano é uma doença pouco incidente, mas não se justifica o descuido com as vacinas, porque se trata de uma enfermidade grave com risco de vida para o paciente.
Numa estimativa grosseira, pois é difícil precisar o número exato, excluindo os ferimentos de guerra que são os de maior risco, um em cada 50.000 ferimentos civis redundará em tétano se o indivíduo não estiver corretamente vacinado. Parece uma probabilidade remota e pouco importante, mas não é para a pessoa que contrai a doença nem para sua família.
Drauzio – A vacina do tétano, que hoje é aplicada universalmente na infância, como deve ser administrada nas demais faixas etárias?
João Silva de Mendonça – Normalmente, logo nos primeiros meses de vida, a criança recebe a vacina tríplice contra tétano, difteria e coqueluche. Para os adultos, existe uma forma especial chamada Dupla Tipo Adulto contra difteria e tétano.
Minha maior preocupação no que se refere ao tétano é a geração mais velha que não foi vacinada na infância.