Entrega ensaio teorico 02
A paisagem é resultante de um processo constante de criação e recriação do espaço natural e da herança cultural composta por cada sociedade. Nessa concepção, a paisagem cultural pode ser entendida como uma marca, uma vez que é a expressão de uma sociedade. A paisagem cultural é oriunda das mediações entre grupos humanos e o espaço, sendo o primeiro influenciado pelo segundo, e vice-versa. Salienta-se a partir disso a relevante interação entre a cultura impressa na paisagem através das construções históricas. O homem para habitar produz um certo espaço, delimita um território com o qual se identifica, assim criando características específicas. A paisagem cultural é constituída por elementos naturais e culturais que expressam as transformações temporais e que lhe conferem diferentes valores, sendo portadora de interesse patrimonial (LEOTI, 2014).
Para Veras (2015), mais que associar a paisagem à beleza cênica, paisagem é identidade de um povo, porque é produto de uma relação necessária que o homem estabelece com a natureza para se consolidar e construir o seu território. Quando se destrói uma paisagem, perde-se de forma irreversível parte desta identidade, da memória e dos valores que se manifestam naquilo que é visível e que o olhar apalpa, mais ainda, aquilo que revela as especificidades dos lugares, das cidades, da sua história e das formas de se viver e de se interagir. Sendo produto coletivo, a paisagem é um direito de todos.
É alicerçado nesse principio de paisagem como associação histórica da identidade de um povo, que este trabalho propõe uma reflexão sobre a resistência à demolição e descaracterização do cais José Estelita no Recife – PE e de como políticas de preservação, como o tombamento podem ser medidas isoladas e pequenas no processo de conservação e preservação do patrimônio cultural. Nesse contexto é importante montar um panorama onde o conceito de patrimônio paisagístico só pode ser constituído a partir de vivências, ou seja, um conjunto