Entre a Cruz e a espada
Frederic Jameson
Quatro posturas sobre a globalização parecem possíveis. O primeiro diz que não existe globalização, o segundo diz que a globalização não é recente, ela sempre existiu. As outras devem ser acrescentadas: uma diz que a relação entre o mercado mundial e a globalização apenas para acrescentar que as redes mundiais atuais são diferentes somente em grau e não em gênero, e a quarta postura afirma um novo ou terceiro estágio multinacional do capitalismo, do qual a globalização é uma característica intrínseca e que tendemos a associar com esta coisa chamada pós-modernidade. A abordagem comunicacional do conceito de globalização é basicamente incompleta. No início do século 20, parecia haver certa semi-autonomia no desenvolvimento da mídia.
Agora, a postulação de ampliação das redes comunicacionais secretamente transformou-se em um tipo de mensagem sobre uma nova cultura nacional. Este deslizamento pode tomar outra direção: a econômica. Assim, em nossa tentativa de avaliar esse novo conceito, ainda puramente comunicacional, começamos a preencher o significante vazio com visões de transferência financeiras e investimentos por todo o mundo, e as novas redes começaram a inflar com o comércio de um capitalismo novo e supostamente mais flexível, que foi viabilizada pela informatização.
Se se enfatizar a perspectiva econômica, e se o conceito de globalização for colorido por esses códigos e significados, então percebermos o conceito escurecer e ficar cada vez mais opaco. Agora o que aparece em primeiro plano é a identidade crescente: a rápida assimilação de mercados nacionais e zonas produtivas, até então autônomos, por uma única esfera: o desaparecimento da subsistência nacional; a integração forçada de países de todo o planeta justamente á divisão global de trabalho. Aqui, o que começa a permear nosso pensamento sobre a globalização é o retrato da padronização em uma nova escala sem precedentes, assim