"Ensinar ou não a gramática na escola. Eis a questão".
Bakhtin critica o objetivismo abstrato, que prioriza e busca organizar os acontecimentos da língua numa perspectiva cientifica e acabada centralizada nas formas fonéticas, gramaticais e lexicais. Ele enfatiza que o objetivo maior da língua é possibilitar a interação, pois, a mesma tem função social e está em constantes mutações. Bakhtin critica o fator normativo e estável, segundo ele a língua é viva e por isso mesmo suscetível às mudanças, portanto, propõe a defesa em favor de uma língua concreta que evolui ao longo da história; e não abstrata, estagnado, acabado. E a língua deve ser vista como um todo, um conjunto, relacionando-se em um contexto social flexível permitindo um desenvolvimento histórico. A palavra deve se adequar aos mais variados contexto de uso, sendo impossível conciliar univocidade da palavra com polissemia e com sua pluralidade de significações. Segundo Bakhtin, o objetivismo abstrato desvincula a existência da língua na sua abstrata dimensão sincrônica da sua evolução, e isso é inadmissível, visto que a língua permite a interação e se iguala no tempo e no espaço de acordo com as circunstâncias. De acordo com Bakhtin, o objetivismo abstrato, também trazia uma ideia corrompida do processo de comunicação. Desta forma, a crítica ao objetivismo abstrato demonstra que esta corrente estuda apenas os fenómenos linguísticos enquanto tal e, ao fazê-lo, rejeita e enunciação e o ato de fala. O objetivismo abstrato despreza essa interação e a significação constrói-se descontextualizada recortando e restringindo a realidade. Bakhtin ao conceituar a língua critica o estruturalismo de Saussure (1916), que a trata como um sistema de normas face à realidade, caracterizada pelo objetivismo abstrato. Para ele, a língua ocorre a partir de situações concretas, oriundas da interação entre falantes de uma dada comunidade e não de maneira individual como Saussure (1995) mostrava décadas antes. Bakhtin