Ensaio sobre a lucidez
“Lucidez”, segundo Houaiss: (lúcido + -ez) s. f. 1. Qualidade de lúcido. = BRILHO, CLARIDADE. 2. Ausência de quanto pode obscurecer (física ou moralmente).
Vou explicar o motivo desta definição no início; Esta obra de Saramago tem ligação direta com outra obra dele chamada “Ensaio sobre a Cegueira” de 1995. ( Se não leu, o que deveria ter feito, assista o filme de Fernando Meireles. Depois tenho certeza que você vai ler). No livro (ou filme) o que seria falta de visão e pessimismo, nesta obra que o Eks recomenda é otimismo e horizontes que se abrem.
O livro começa abordando o ato de votar. Estando em um certo dia de eleição para um certo parlamento em uma cidade imaginária ( A mesma de Ensaio sobre a Cegueira), mesários de uma junta eleitoral estão assustados com a possibilidade de haver enorme e inédita abstenção devido uma forte chuva. Quase metade do dia já passou e os eleitores são pouquíssimos. Mas, o espanto cede ao alivio quando os eleitores comparecem em massa no final do dia.
A surpresa e o espanto ficam reservados para os resultados. Apenas 17% dos eleitores votaram em algum dos três partidos em disputa. Os outros 83% votaram em branco. Este sim um fenômeno inédito. As autoridades ficam em pânico. Dizem que a população não está sabendo usar seus direitos. Mais precisamente, dizem que “Se os votos estão aí é para que façamos um uso prudente deles”. “Os direitos não são abstrações (…), os direitos merecem ou não se merecem, e eles não o mereceram”. (SPOILER.. Rá)
Esta é a essência da democracia que a burguesia inventou. A de não ter essência. Para chegar ao poder pelo voto há que se passar por vários filtros. Se isso não acontece, a população não soube merecer seus direitos. É golpe! Como em 1964, no Brasil. Essa é uma opinião minha e fique “à l’aise” para discordar e podemos dialogar sobre a sua vasta alienação política (Toma!!).
É assim que os poderosos fazem no livro. Reagem à votação estranha da