ensaio linguistica
Camila de Souza**
Jorge Luis Borges, ao escrever o conto “Del rigor de la ciencia” descreve, metaforicamente, como funcionam as teorias científicas: o contotrata de um mapa que, ao reproduzir um império em sua totalidade, torna-se inútil. O sucesso absoluto da representação de uma teoria significa seu fracasso. Surge, assim, a necessidade de abstrairdeterminados ramos de uma ciência para poder teorizá-la e, consequentemente, várias teorias sobre o mesmo objeto. É sobre isso que José Borges Neto discute no primeiro capítulo de “Ensaios de filosofialinguística”, intitulado “Diálogo sobre as razões da diversidade teórica na linguística”.
Escrito após uma palestra realizada pelo autor para alunos de Letras da Universidade Federal do Paraná, em1985, “Ensaios de filosofia da linguística” será abordado, nesta resenha, apenas em seu capítulo inicial, o qual se caracteriza por um suposto diálogo entre um professor e os alunos Alfa, Beta, Gamae Delta. Este diálogo se dá após ser apresentado um panorama da linguística no século XX e suas teorias.
O professor inicia com uma explicação sobre a ligação indissociável entre humano elinguagem. Esclarece, portanto, que o estudo da linguagem não pode se isolar de outros aspectos do ser humano. Além disso, expõe a difícil questão para definir o objeto de estudo da linguística, uma vez quepode se confundir com os objetos da sociologia ou antropologia. Para exemplificar, o professor mostra que “a língua de um povo não de distingue, em princípio, da história desse povo; nem se distingueda organização social desse povo a cada momento da história” (p. 18). Borges conclui, portanto, que a língua não paira sobre a sociedade. Com isso, já de início é contestada, com êxito, a teoriaestruturalista de Ferdinand de Saussure, a qual afirma que a língua é homogênea (SAUSSURE, 2011).
Após reafirmar a dificuldade em separar linguagem de outros aspectos humanos – neste caso, o aspecto... [continua