Ensaio leite derramado
Músico, dramaturgo e escritor, Chico Buarque de Hollanda é considerado uns dos maiores nomes da MPB. Também seguiu carreira de escritor ganhando três Prêmios Jabuti: melhor romance com Estorvo e livro do ano com Budapeste e Leite Derramado. E é sobre este último livro que esse ensaio irá tratar.
Leite Derramado é considerado uns dos melhores romances de Chico. Sempre uma vertente romântica com um lado nostálgico e sensações de perdas. Neste livro o autor se aproveita de memórias falhas de um senhor para reportar uma sociedade brasileira de outrora, passando por episódios desde a Primeira República, a Belle Époque, o Estado Novo e até mesmo a Ditadura Militar em 64. Traz a tona também uma crônica de costumes do universo patriarcal e escravocrata desde a colonização.
A obra conta a história de uma família típica dos últimos séculos do “pai rico, filho nobre, neto pobre”. Quem nos conta é Eulálio da Assumpção, um homem centenário em seu leito de morte, membro de uma família tradicional brasileira que habitavam os casarões do Rio de Janeiro. Ele narra um monólogo dirigido a quem quiser ouvir, afinal não existe um ouvinte único, hora é sua filha Eulália, hora é a enfermeira, quem ele acha que está anotando sua vida, ou seu neto, tataraneto, são tantos que nem o próprio Eulálio sabe com quem está falando. Em um leito de hospital de segunda classe, onde está internado a força por sua Eulália, ele resmunga que preferiria estar em uma “casa de saúde religiosa”, buscando assim a sua tradição não se importando com o dinheiro. Também se incomoda com a TV que fica ligada o tempo todo com chiados não o deixando fazer seu discurso, o que podemos considerar como os ruídos da consciência do próprio Eulálio que o atrapalha.
Eulálio nos conta sobre a linhagem de sua família,