Engraxavas
Não vale bujas
O livro divide-se em duas partes.
A primeira é a rapariga
Uma rapariga viaja em discurso direto. Fala sozinha.
Desenha pessoas que vê e outras que fala. Observa-as durante dias a pessoa em que cada sítio sente que deve desenhar. Primeiro antes de falar com a pessoa, e depois de falar com cada uma delas
A rapariga que quer ser feia e pede para que a desenhe feia
O homem que diz que a eternidade é estar dentro de uma caixa consciente do que se passasse se estivesse vivo
Um diálogo em que deus diz que não gosta de uma rapariga
Quando se mantém durante mais tempo que o habitual numa terra e não encontra ninguém na parte final da parte dela vê um bando de seres a voar alto pretos sem serem pássaros, a passarem por cima dela. E fica a olhar. Já antes procurava no céu qualquer coisa pois já que lhe parece ouvir pássaros. O fim dá-se com ela sentada numa rua de casas baixas e de gente baixa a olhar para um homem sentado a quem lhe engraxam as botas. Fecha o caderno e deixa-o no banco e dirige-se para o homem.
Na parte dele ele vive numa casa estranha cheia de portas e divisões onde vivem mais gente com ele. Ele é considerado um excêntrico. É um devaneio de vida, vive a vida como se fosse uma criança, tal como vi em todo o sonho. No fim ele esta com aquela gente que vive com ele numa casa de campo, levanta-se de repente e corra para o meio do nada. Ri, grita, abre os braços até que vem esse bando e ele despede-se de todos num discurso direto muito sentido, como que soubesse que vai para onde pertence.
*
A miúda sentada à minha frente olhava-me como se quisesse ter visto antes, a conhecer-me. Ou a perguntar-me com os seus olhos claros porque não deixava de desenhar desde que entrara naquilo parecido com um apeadeiro, vazio depois da rapariga ter subido no comboio. Era quase mulher já, a sair da inocência, a entrar nos contornos definidos bela