Enfermagem Pediatrica
1
AÇÕES RELACIONADAS À SAÚDE PEDIÁTRICA
1.1
CONCEPCÇÕES SOBRE SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
1.1.1
Introdução
Os sentimentos e conceitos sobre o que significa ser criança ou adolescente
vêm mudando, ao longo da história, com as transformações políticas, sociais e culturais. Segundo Philippe Ariès, historiador francês, o amor aos filhos, como se entende hoje, e o cuidado à criança são práticas relativamente recentes. Surgiram no século XVII e, somente a partir do século XVIII, reconheceu-se que a criança tem características próprias
e
inerentes
ao
seu
estágio
de
crescimento
e
desenvolvimento – misturada aos adultos em suas atividades cotidianas e jogos, parecia não haver, segundo indícios históricos, uma educação formal ou uma preocupação consciente com sua socialização. Até mesmo sua morte, muito freqüente nos primeiros anos de vida, era sentida de forma diferente. A criança que morria era substituída, naturalmente, pelo nascimento de outra. Poder-se-ia, talvez, comparar com comportamentos semelhantes observados, até recentemente, nas famílias numerosas das zonas rurais brasileiras, em que se aceitava mais naturalmente a morte de crianças “esta não vingou”.
Atualmente, além de outros fatores relevantes – por exemplo, as modificações culturais, a exclusão de grande parte da população do acesso aos bens essenciais ou de consumo da sociedade leva uma parcela enorme de crianças e adolescentes à marginalização e à situação de intenso conflito social. Isso parece estar contribuindo para a substituição do conceito de criança, formado nos últimos séculos, como um ser meigo, desprotegido, inocente, que representava a promessa de um futuro melhor, para o de um ser potencialmente ameaçador e agressivo, que pode vir a ser, para alguns, um problema social maior que aquele que já representa hoje. Por meio dos maus-tratos, da quase escravidão, da prostituição infantil, do abandono das crianças das